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Baianas em comemoração no Pelourinho. (Foto: Raul Spinassé) |
Carregar o título de baiana de acarajé significa
exercer um ofício que exige dedicação, coragem e muito amor, é com essa
determinação que Mônica Ferreira Maia, de 51 anos, levanta todo dia às
4h para preparar os quitutes que leva para vender
na região de Canta Galo, na cidade baixa. Contudo ontem a preparação e
destino foram diferentes, caprichando nas joias e adereços Mônica saiu
de casa, em Fazenda Coutos, para se unir a outras 200 outras baianas em
comemoração ao dia das mulheres-símbolo da
Bahia.
“Sou baiana há 25 anos, e me orgulho demais do que
faço, tenho um carinho enorme por essa profissão. Lá em casa foi um
trabalho que herdei de minha mãe e por isso é ainda mais importante
manter a tradição”, afirmou a baiana. “Hoje eu quero
desejar saúde e muita paz para todas as minhas colegas e reforçar que
Dia da Baiana é o ano inteiro. Espero que todas as nossas conquistas
aumentem ainda mais para o ano que vem”, comentou.
A comemoração do Dia das Baianas foi celebrada na
manhã de ontem, com uma tradicional missa, na Igreja do Rosário dos
Pretos, no Pelourinho. O evento marcado por muita danças, cânticos e o
ofertório, não teve a anual caminhada até a Praça
da Cruz Caída, palco da confraternização. Mas o fato não abalou o
astral das baianas que festejaram com muita empolgação e também
refletiram a importância da data.
Além das homenageadas, soteropolitanos e turistas
foram à igreja celebrar a data comemorativa e apreciar o espetáculo
promovido pelas mulheres à caráter. O Aposentado, Antônio Reis, que
admira e acompanha os festejos há mais de dez anos,
saiu cedo do bairro de Rio Sena, no Subúrbio Ferroviário para
parabenizar as baianas. “Eu acredito que elas representam um patrimônio
muito importante para a nossa cidade e nosso estado. Venho aqui todo ano
pois acredito que elas deve ser valorizadas pela
sociedade, muito mais do que são”, falou o aposentado.
Morador de Curitiba no Paraná, o administrador,
Fernando Geller, de 43 anos aproveitou o passeio turístico pelo
Pelourinho e parou para conferir a festa e prestigiar as baianas. “Eu
nunca tinha visto uma festa assim, é muito bonito, um
verdadeiro tesouro da cultura do nosso país. Espero que essa tradição
não acabe nunca, pois não dá para pensar na Bahia e não lembrar das
baianas”, afirmou.
E os turistas não foram as únicas pessoas de fora
da Cidade à comparecerem à missa, baianas de várias partes do estado e
até do país vieram celebrar a data em Salvador, como o caso da “baiana
paulista” Tereza Lacerda que há seis anos viaja
para a Bahia no dia da sua profissão. “É uma festa linda cheia de paz e
alegria, achei triste por não ter a festa esse ano, mas o mais
importante são as bênçãos e a iluminação para todas nós”, falou.
De acordo com a coordenador nacional das baianas
Rita Santas, a festa na Cruz Caída que esse ano não teria acontecido por
falta de apoio financeiro do governo, que nos anos anteriores
patrocinou o evento. “Esse ano eles disseram que o governador
baixou um decreto proibindo o custeio de qualquer novo evento que já
não estivesse previsto no orçamento inicial”, relatou a coordenadora das
baianas. “Mas isso não tira nossa alegria, esse é o nosso dia e vamos
comemorar unidas independente de qualquer coisa”,
afirmou.
No aspecto reflexão, respeito foi a principal
demanda da coordenadora nacional das Baianas, Rita Santos. “Hoje nós
temos que buscar união e respeito, acima de tudo respeitar umas às
outras porquê lutamos o ano inteiro por algo que vai além
do sustento próprio, algo que amamos e nos orgulhamos”, explicou Rita.
“Por isso a importância desse dia, além da comemoração, é uma
oportunidade de conversarmos e buscarmos corrigir os problemas de agora
já pensando no ano que vem”, disse.
Atualmente, uma das principais reivindicações do
grupo é o direito de vender os tradicionais quitutes nas praias da
cidade, possibilidade que foi limitada através da determinação da
Secretaria Municipal de Ordem Pública no passado. A decisão
do órgão municipal estabelece que nem o tabuleiro, nem o tacho de
azeite podem dividir espaço com os banhistas.
“As baianas dão a Salvador um aroma único, no
mundo, todos os dias no final da tarde, mas sobretudo nas praias, o
cheiro do azeite era algo inconfundível no litoral da nossa cidade,
retira isso foi acabar com uma tradição”, afirmou o Sociólogo
Ailton Ferreria que foi à celebração homenagear as baianas. “Essa é
apenas mais uma de tantas lutas travadas por essas mulheres ao longo da
história”, comentou.
Depois do ofertário, e das bênçãos distribuídas pelo padre Lázaro Muniz, as homenageadas do dia foram às ruas brilhar em festa.
Por: Victor Lahiri
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